
12/06/2025
A área sob alertas de desmatamento na Amazônia teve alta de 92% em maio, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 960,3 km² de floresta desmatada (área equivalente a quase uma Belém), versus 502 km² em maio de 2024. Apresentados na última sexta-feira (6), os dados são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os estados mais afetados foram Mato Grosso (627 km²), Pará (145 km²), e Amazonas (142 km²). Mato Grosso chama a atenção, com aumento de 237% em relação a maio de 2024, e por responder por 65% de toda a área desmatada em maio na Amazônia.
A tendência de alta do desmatamento no bioma acende o alerta. “O Deter emite alertas diários para apoiar a fiscalização realizada por agentes do Ibama e do ICMBio. Trata-se de um indicativo de tendência da taxa de desmatamento, que é medida sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte por outro sistema do Inpe, o Prodes, que usa imagens de satélites mais precisas”, explica o Observatório do Clima.
Há diversos fatores que podem explicar o aumento dos alertas de desmatamento em maio. Após dois anos de combinação dos efeitos das mudanças climáticas e de um El Niño forte, que resultou em temperaturas mais elevadas e duas secas extremas na Amazônia, a floresta Amazônica sofreu um forte impacto do fogo, iniciado pela ação humana e que pode ter deixado as áreas mais vulneráveis ao desmatamento.
Os dados do Deter e análise do Ministério do Meio Ambiente e Clima (MMA) apontam que de todo o desmatamento ocorrido em maio de 2025, 51% se deu na classe “Desmatamento com Vegetação” a qual o secretário do MMA João Paulo Capobianco atribui à floresta queimada e colapsada.
Segundo Capobianco, os focos de calor, analisados no período de agosto de 2024 a maio de 2025, indicam que 23,7% ocorreu em florestas nativas: “Em um planeta mais quente e seco, o uso do fogo de forma criminosa está se mostrando uma estratégia eficiente para destruir a Amazônia. É importante responsabilizar de fato quem utiliza essa prática, aumentar a aplicação de embargos por uso criminoso do fogo e a cobrar efetivamente as multas, bem como impedir o acesso ao crédito rural por quem não tem autorização para essa prática. Essas são medidas fundamentais para passar o recado de que ações criminosas não ficarão impunes.”
O fortalecimento da fiscalização contra o desmatamento e políticas públicas em prol da manutenção das florestas são apontadas como meios para reverter esse quadro. “A história mostra que, quando a lei é aplicada, o desmatamento cai – basta comparar os dados do Prodes na atual gestão e no governo Bolsonaro, que fez de tudo para impedir a fiscalização ambiental. Para o Ibama fiscalizar, porém, é necessário haver uma legislação que proteja o meio ambiente. É exatamente aí que entra o Congresso, que atua no sentido oposto, tentando acabar com a proteção ambiental, como vimos recentemente na aprovação do projeto de lei que desmonta o licenciamento ambiental, além de outras ameaças no chamado Pacote da Destruição”, aponta o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.
Uma análise retirada do portal Terra Brasilis – Sala de situação para o período de 01 a 23 de maio, ainda aponta que as áreas com alerta de desmatamento na Amazônia neste mês se concentraram em Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs) (18%) e áreas sem registro fundiário (24,9%), que, somadas, atingem 42,9% do total. No Amazonas, 64,5% dos registros de desmatamento se deu em FPNDs, apontando para o possível papel da grilagem nesse resultado.
Tratando-se do desmatamento em Florestas Públicas Não Destinadas, dados recentes divulgados pelo IPAM apontam que 32,7 Mha de Florestas Públicas Não Destinadas (FPND) estão sob risco de grilagem, pois estão autodeclarados no CAR como áreas particulares. No mês de abril, o desmatamento em FPNDs cresceu 229% em relação ao mesmo período do ano passado. “Quem grila terras públicas tem a expectativa de que será beneficiado por isso, conseguindo se apropriar ilegalmente dessas áreas e transformando-as em ativos privados altamente valorizados”, afirma a porta-voz da Frente de Desmatamento Zero do Greenpeace Brasil, Thais Bannwart.
A tramitação do PL 2159/2021, que flexibiliza o licenciamento ambiental, abre caminho para mais dano ambiental, incentivando o aumento de grilagem e do desmatamento no entorno de grandes obras, agravando o cenário de devastação da Amazônia.
“O governo federal tem agido no fortalecimento das fiscalizações e nas ações de prevenção aos incêndios florestais, porém vemos que a grilagem está avançando significativamente. Por isso, é necessário mais ações para combatê-la, o que inclui destinar as florestas públicas não destinadas para a conservação e uso sustentável. Também é fundamental que o Congresso Nacional não siga enfraquecendo a legislação ambiental brasileira”, finaliza Bannwart.
Fonte: CicloVivo

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