
17/06/2025
Regenerar é o verbo da vez. E turismo regenerativo, a última moda. O termo significa, resumidamente, deixar um destino melhor do que o encontrou, contribuir nas viagens e passeios para a reabilitação de ecossistemas, culturas e economias locais. Esse é o fio condutor das ações da Fazenda Bananal, aberta à visitação em Paraty, cidade reconhecida como Patrimônio Mundial pela Unesco na Costa Verde fluminense.
A pouco mais de um mês da famosa Feira Literária Internacional (Flip), quando a nata dos autores transita pelas ruas do Centro Histórico tombado, o município com arquitetura colonial preservada pretende se mostrar ao mundo assim: livre, verde e solto! E na fazenda — uma propriedade do século XVII —, o uso de conhecimentos locais e a restauração e reflorescimento de áreas de floresta e plantio compõem o convite para um turismo mais consciente, conectado com a natureza e a cultura.
— A regeneração ambiental e a valorização sociocultural promovidas pela Fazenda Bananal estão diretamente conectadas ao fortalecimento da agricultura familiar e dos saberes tradicionais da região — afirma o gerente de hospitalidade da fazenda, Fernando Guerra. — Estima-se que cerca de 50 famílias sejam contempladas, de forma direta ou indireta, por meio das ações educativas, agroflorestais e gastronômicas desenvolvidas no espaço.
Com esse norte no horizonte, o plantio de mudas nativas e a produção de alimentos de forma totalmente orgânica ocorre em uma área total de 16,19 hectares de Sistemas Agroflorestais (SAFs). Os núcleos familiares envolvidos cultivam alimentos em sistemas agroecológicos e comercializam produtos como mandioca, banana da terra, milho, abóbora, couve, hortaliças e temperos, que abastecem a cozinha da fazenda, feiras locais e ações educativas.
Passeios por trilhas são opções para quem quer imergir na Mata Atlântica. Em construções antigas, em meio à biodiversidade, são oferecidas diferentes experiências. A inspiração na culinária caiçara se faz presente. Há uma cafeteria e um belo restaurante com cardápio farm to table (do campo para a mesa), com ingredientes vindos da própria agrofloresta da Bananal.
Numa estrutura original do século XIX, o casarão da fazenda é o lugar de exposições que exploram duas vertentes: a tradição e a contemporaneidade. Este mês (a partir do dia 28), entra em cena a mostra “Lidas da Terra: Mandioca”, construída a muitas mãos, que chama o público a se aproximar do universo da mandioca em Paraty — da raiz à farinha, do roçado ao prato. Fruto de uma parceria entre a Fazenda Bananal e a Casa da Cultura de Paraty, a mostra enaltece quem cultiva, transforma e mantém viva uma tradição na região.
— A mostra é fruto do diálogo com quem vive e cultiva a mandioca em Paraty, com quem mantém viva uma prática ancestral que conecta alimento, memória e cultura — destaca Guerra.
São vídeos, objetos, ilustrações e depoimentos que permitem ao público conhecer os processos do cultivo do tubérculo, os instrumentos utilizados nas casas de farinha, as variedades da planta e as receitas que atravessam gerações.
— A exposição valoriza as pessoas por trás dos saberes — define Cristina Maseda, diretora da Casa da Cultura de Paraty. — Convida o público a enxergar a mandioca não só como alimento, mas como símbolo de identidade, coletividade e continuidade cultural. Iniciativas como esta, enraizadas no território, têm potência para transformar e para ajudar a salvar o planeta.
Nesse sentido, as casas de farinha, em especial, ganham destaque como lugares de trabalho, memória e convivência. É ali que se concentram os gestos repetidos e partilhados do fazer farinha: raspar, ralar, prensar, peneirar, torrar... Uma verdadeira coreografia coletiva que segue resistindo ao tempo.
A Bananal, pertencente ao grupo OCanto, o mesmo da Pousada Literária, tem 180 hectares de Mata Atlântica exuberante, sendo 70% de matas preservadas, e o restante de áreas de produção e educação ambiental.
Fonte: O Globo

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