
20/10/2016
Que o Rio é uma cidade na qual o moderno e o antigo convivem muito bem, não há dúvida. A construção do Museu do Amanhã e a revitalização da Zona Portuária são as mais recentes demonstrações. A Barra talvez seja a região que menos se enquadra neste perfil, pois é uma das partes mais novas e modernas da cidade, cujo desenvolvimento começou efetivamente na década de 1980. Mas descobertas recentes na Floresta da Tijuca mostram que os primeiros moradores chegaram muito antes do que se imaginava, por volta de 1594, com a concessão de duas sesmarias. Os vestígios desta época estão em ruínas localizadas na antiga Fazenda Sorimã, que dá acesso à Pedra da Gávea pela Barrinha.
Apesar de esses fragmentos terem sido avistados pela primeira vez nos anos de 1980, só na última terça-feira o pedido de registro para transformar a área num sítio arqueológico foi protocolado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelo arqueólogo Cláudio Prado de Mello e pelos pesquisadores Luis Alexandre Franco Gonçales e Carlos Ramalho.
A ideia de registrar o sítio partiu de Ramalho. Morador da Taquara, ele é um veterinário apaixonado por arqueologia e se considera um explorador. Numa de suas incursões pelo local, em 2014, encontrou as ruínas da Fazenda Sorimã. Não sendo especialista, decidiu procurar um: fez uma pesquisa na internet que o levou a reportagens sobre Mello, autor de diversos registros arqueológicos, e o convidou para conhecer a região. Este, por sua vez, já conhecia Gonçales, que há 30 anos realiza trabalhos na Floresta da Tijuca, e o convidou para acompanhá-lo na empreitada. Esta semana, o trio concluiu suas primeiras pesquisas e protocolou o pedido de registro.
— O que fizemos para o registro é só o começo. Se houver interesse e recursos, isso aqui é trabalho para uma vida inteira de pesquisa — afirma Ramalho, que pretende começar a fazer faculdade de Arqueologia para se dedicar ao tema profissionalmente.
O único registro formal que se tem das ruínas na área da Barra foi feito por Gonçales no livro “Parque Nacional da Tijuca: construções e ruínas históricas”. Ele cita a Fazenda Sorimã, parte da sesmaria do capitão-governador do Rio, Salvador Correia de Sá, vendida em 1638 a Manoel Caldeira, que instalou ali um engenho de açúcar. Depois, a propriedade pertenceu a Martim Correia de Sá e seus herdeiros. Até que em 1843 foi adquirida pelo empresário Aldo Bonardi.
As pesquisas iniciais mostram que o sítio é formado por um extenso conjunto de ruínas de construções feitas com granito-gnáissico, rocha típica da Floresta da Tijuca. É possível identificar casas (sobre o que restou de uma delas hoje há uma árvore de mais de 200 anos), tanques de pedra e de alvenaria e poços que, possivelmente, faziam parte de um sistema de aproveitamento da água que descia das partes mais altas da montanha.
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