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Navegação ilegal faz ilha desaparecer dentro de reserva ambiental no Pará, diz laudo

30/04/2024

Após investigar denúncias de pescadores e ribeirinhos, a Polícia Civil do Pará indiciou uma empresa pelo completo desaparecimento da ilha Camará, de aproximadamente 13 campos de futebol, na Reserva Extrativista (Resex) Marinha Mestre Lucindo, em Marapanim, na região costeira conhecida como salgado paraense, a cerca de 165 km da capital Belém.
De acordo com um laudo científico da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), feito a pedido da Polícia Civil em 2023, o sumiço da ilha foi provocado por erosão pela passagem de lanchas de praticagem - atividade na marinha mercante de orientar navios cargueiros - em alta velocidade pelo rio Cajutuba, onde a ilha estava localizada e desapareceu. A ilha foi se decompondo até ficar submersa (veja as imagens de satélite acima).
Os pesquisadores afirmam que não há registros fotográficos da ilha desaparecida, apenas imagens de satélite coletadas desde 1980 e relatos de comunidades locais. Pelas imagens, os pesquisadores da UFRA acompanharam a ilha diminuindo de tamanho aos poucos, ano a ano, até sumir completamente em 2016.
Um outro estudo, feito por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), também sobre o sumiço da ilha Camará, identificou cinco impactos socioambientais causados pela praticagem na região:

erosão;
naufrágios de barcos pequenos com riscos de morte;
destruição de redes de pesca;
mudanças na vida marinha;
impactos direto às comunidade de tradições ribeirinhas.

O caso foi investigado pela Polícia Civil por dois anos, e a empresa Barra do Pará, que opera praticagem desde 2003 na região, foi indiciada por crimes ambientais. Durante a investigação, também foi apurado que a empresa opera na área sem licença ambiental.
"O trabalho de inteligência (feito pelos pesquisadores) comprovou que, realmente, houve o desaparecimento da ilha provocado pela erosão devido à ação antrópica, do homem, onde passam as lanchas da empresa investigada e isso foi determinante para o indiciamento da empresa", afirmou Waldir Cardoso, delegado que investigou o caso.
Não havia registros de moradia na Ilha Camará, mas ela era usada para atividades como lazer e pesca, conforme os relatos dos moradores da região para a polícia. A área é composta de manguezais que são ricos em biodiversidade e importantes para o ecossistema amazônico.
A professora Tabila Verena, do Instituto Ciberespacial da UFRA, também reforçou que as análises de imagens de satélites comprovaram que a passagem das lanchas acelerou o processo de erosão da Ilha Camará.
"Essa ilha poderia desaparecer no futuro, sim, não é possível dizer quando, mas também ela poderia ter aumentado, dependendo da quantidade de sedimentos, num fluxo natural de aumento e diminuição, mas o que a gente observou foi um processo antrópico que acelerou o processo de erosão fazendo com que essa ilha, em um intervalo de tempo muito pequeno, desaparecesse do cenário das imagens de satélite", disse.
Ao g1, a empresa Barra do Pará afirmou que não precisaria de licença para operar nos rios da região, mas obteve, durante as investigações, em 2022, licença municipal para operar apenas em um píer na comunidade Vista Alegre e no depósito de combustíveis instalados na mesma comunidade, às margens do rio Cajutuba, em Marapanim.
A Secretaria de Meio do Ambiente do Pará (Semas), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério Público Federal (MPF) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) confirmaram que a empresa não possuía licença ambiental.

A matéria na íntegra pode ser lida no g1

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