
20/05/2025
A engenheira agrônoma e pesquisadora brasileira Mariangela Hungria foi anunciada nesta terça-feira (13) como vencedora do Prêmio Mundial da Alimentação (World Food Prize), considerado o “Nobel da Agricultura”, em reconhecimento às suas contribuições inovadoras para o desenvolvimento da agricultura sustentável no país. A premiação foi realizada pela Fundação World Food Prize, nos Estados Unidos, e reconhece personalidades que promovem a qualidade, a quantidade e a disponibilidade de alimentos no mundo.
Com mais de 40 anos dedicados à pesquisa científica, Mariangela liderou estudos que resultaram no desenvolvimento de dezenas de tratamentos biológicos para sementes, promovendo aumento significativo na produtividade de culturas como soja, feijão, milho e trigo, ao mesmo tempo em que reduziram drasticamente o uso de fertilizantes químicos. Segundo estimativas, suas tecnologias já foram aplicadas em mais de 40 milhões de hectares no Brasil, gerando uma economia de até US$ 25 bilhões (R$ 127,5 bilhões) por ano para os produtores e evitando a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂ anualmente.
“Substituir o uso de produtos químicos por produtos biológicos na agricultura tem sido a luta da minha vida”, afirmou a pesquisadora em comunicado. “Tenho muito orgulho de contribuir para a produção de alimentos e, ao mesmo tempo, diminuir o impacto ambiental.”
O reconhecimento internacional também marca um feito inédito: Mariangela é a primeira mulher brasileira a receber o prêmio, que já homenageou outros três brasileiros – os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paulinelli em 2006, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2011, este último pelo combate à fome durante seu governo.
Inspirada pela renomada cientista Johanna Döbereiner, Mariangela foi uma das primeiras defensoras da fixação biológica de nitrogênio, processo em que bactérias do solo fornecem nitrogênio às plantas sem necessidade de fertilizantes sintéticos. Seu trabalho contribuiu de forma decisiva para posicionar o Brasil como potência agrícola global, com destaque para o desenvolvimento de microrganismos capazes de sintetizar fitormônios, solubilizar fosfatos e rochas potássicas.
Atualmente, Mariangela é pesquisadora da Embrapa Soja, em Londrina (PR), onde atua desde 1991, e professora na Universidade Estadual do Paraná e na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. É também membro titular e diretora da Academia Brasileira de Ciências. Com formação em Engenharia Agronômica pela Esalq/USP, tem mestrado e doutorado em solos, além de pós-doutorado nas universidades Cornell, UC-Davis e Sevilha. Em 2020, foi listada entre os 100 mil cientistas mais influentes do mundo, segundo a Universidade de Stanford.
Durante o anúncio da premiação, a governadora de Iowa, Kim Reynolds, ressaltou a importância do exemplo de Mariangela para mulheres na ciência. “Como cientista pioneira e mãe, a Dra. Hungria é uma inspiração para pesquisadoras em todo o mundo”, afirmou. Já o presidente do comitê de seleção do prêmio, Gebisa Ejeta, destacou a “visão comprometida e o brilhantismo científico” da brasileira.
O Prêmio Mundial da Alimentação foi criado em 1986 por Norman Borlaug, agraciado com o Nobel da Paz em 1970 e considerado o “pai da revolução verde”. A cerimônia de entrega ocorrerá em 23 de outubro, em Des Moines, capital de Iowa (EUA). Além do reconhecimento, Mariangela receberá US$ 500 mil e uma escultura desenhada pelo artista Saul Bass.
“Essa láurea é também um reconhecimento à ciência feita no Brasil”, declarou Mariangela. “Espero que minha conquista inspire outras pessoas, especialmente mulheres, a acreditarem em sua capacidade e seguirem na ciência.”
Fonte: CicloVivo

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