
26/06/2025
A repetição de queimadas e a intensidade do fogo têm causado a perda de resiliência de florestas no sul da Amazônia, resultando em diminuição da diversidade de espécies e aumento da taxa de mortalidade de árvores. Os dados constam no artigo “Resiliência da floresta amazônica inferida de mudanças induzidas pelo fogo nos estoques de carbono e na diversidade arbórea”, elaborado por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e parceiros, publicado pela revista científica IOPscience.
Para o estudo, os pesquisadores consideraram quatro categorias de tratamento experimental aplicadas a parcelas de floresta:
* Controle não-queimado: nenhuma parcela foi queimada durante o experimento;
* B1: houve apenas uma queimada, em 2016. Representa um fogo pontual e de baixa intensidade;
* B2: a floresta foi queimada duas vezes, em 2013 e 2016. Representa um cenário de repetição de fogo; e
* B2+: também foram registradas queimadas duas vezes, em 2013 e 2016, mas com o adicional de “combustível” para intensificar o fogo — no caso, galhos secos e folhas. É considerado o cenário mais extremo, já que une a repetição e o aumento da intensidade.
Segundo a pesquisa, nos casos em que houve a repetição do fogo (B2 e B2+), as alterações na diversidade da floresta começaram já em 2014 — um ano após a primeira queima —, mas se intensificaram depois de 2016, com o segundo evento. De acordo com o artigo, os impactos a longo prazo dos incêndios foram “ainda mais pronunciados” com o aumento da frequência.
A conclusão dos autores foi de que, além da diversidade das espécies, a composição e o número de indivíduos sofreram “mudanças graduais” de 2014 a 2024.
Além disso, no caso B2+, que trouxe o fator da intensidade, observou-se um aumento da mortalidade das árvores no local. De acordo com o artigo, em 2014, os incêndios com a presença de folhas e galhos secos aumentaram de quatro a cinco vezes a taxa de mortalidade de árvores quando comparado com áreas não queimadas.
“Quanto aos incêndios com alta intensidade, que é o caso simulado na B2+, o impacto é muito maior, tanto para a diversidade de espécies quanto na mortalidade, que afeta diretamente o estoque de carbono presente na biomassa aérea das espécies que estão nesse ambiente”, explica Leonardo Maracahipes-Santos, pesquisador do IPAM e um dos autores do artigo.
O artigo mostra que, com as mudanças climáticas, os cenários em que há “combustível” para intensificar as chamas devem aumentar, considerando o aumento da temperatura nas florestas do sul da Amazônia. Com projeções indicando que até 16% das florestas do sudeste do bioma podem registrar incêndios nas próximas décadas, o estudo diz ser incerto se a resiliência da floresta persistirá sob regimes de incêndios mais frequentes e intensos.
Conclua esta leitura clicando no CicloVivo

Museu do Amanhã vai sediar cerimônia do Earthshot Prize, premiação criada pelo príncipe William e voltada a soluções ambientais
26/06/2025
Comunidade caiçara em Paraty troca diesel por energia solar
26/06/2025
Polícia flagra dezenas de pássaros silvestres em transporte ilegal com caixas de leite em MG
26/06/2025
Couro ilegal da Amazônia abastece marcas de bolsas luxuosas, mostra estudo
26/06/2025
Repetição do fogo ameaça resiliência da Amazônia, diz estudo
26/06/2025
Nova técnica com uso de rocha é testada para frear mudança climática, removendo CO₂ do solo e do ar
26/06/2025