
18/09/2025
Um novo estudo coordenado pela Fiocruz Amazônia, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, aponta uma preocupante contaminação por plásticos em diferentes ecossistemas da região amazônica. A pesquisa evidencia a presença de resíduos plásticos em ambientes aquáticos e terrestres, com potenciais impactos para a saúde humana, principalmente de comunidades vulneráveis, como indígenas e ribeirinhos.
O objetivo do estudo foi revisar e sintetizar a literatura científica existente sobre a poluição plástica na Amazônia, considerando desde macroplásticos até micro e nanoplásticos, em áreas como fauna, flora, água e sedimentos.
Segundo os pesquisadores, “no interior do Amazonas não há nenhum município que ofereça reciclagem de plásticos ou medidas para reduzir seu impacto”.
A pesquisa destaca a ausência de políticas públicas eficazes de gestão de resíduos na região, o que agrava o problema ambiental e social.Com infraestrutura precária para coleta de lixo, muitas comunidades continuam descartando resíduos diretamente em rios e igarapés. Antigamente, o lixo era majoritariamente orgânico. Hoje, é comum encontrar garrafas PET, embalagens plásticas e resíduos industriais flutuando nos rios amazônicos.
A contaminação por microplásticos e nanoplásticos ainda é um problema subdimensionado pela ciência e pelas políticas públicas. O estudo publicado na revista científica AMBIO, de alcance internacional, lança luz sobre um problema que tende a crescer se medidas urgentes não forem tomadas.
“O impacto pode ser maior que o observado. Revisamos 52 estudos, avaliados por pares, com uma gama de relatos sobre lixo e fragmentos de plástico em ambientes terrestres e aquáticos do bioma amazônico, o que indica um impacto muito maior do que a maioria das pessoas imagina”, explica o epidemiologista Jesem Orellana, coordenador da pesquisa.
O estudo intitulado Plastic pollution in the Amazon: the first comprehensive and structured scoping review é considerado a primeira revisão científica estruturada sobre poluição plástica na Amazônia, com base no protocolo internacional PRISMA-ScR.
“O dia 14 de agosto foi o prazo limite proposto pelas Nações Unidas para que cerca de 180 países concluíssem a elaboração do primeiro tratado global contra a poluição plástica. Por isso, o momento parece oportuno para discutir os intrigantes resultados desta revisão de escopo da literatura científica, a primeira a aplicar um protocolo sistemático (PRISMA-ScR) para avaliar a contaminação por plástico em ecossistemas amazônicos”, afirma Orellana.
A bióloga Jéssica Melo, primeira autora do artigo e pesquisadora da Fiocruz, ressalta que a Amazônia é a maior bacia hidrográfica do mundo, mas ainda recebe pouca atenção científica quando se trata de poluição plástica:
“A poluição por plástico é uma crise global, mas estudos têm se concentrado em ambientes marinhos. A Amazônia – maior bacia hidrográfica do mundo e que tem o segundo rio mais poluído por plástico – tem recebido atenção científica limitada”, observa.
Ela destaca ainda a ausência de estudos sobre nanoplásticos na região:
“A contaminação de fontes importantes de alimentos e de água representa um grande risco para a Saúde Única de populações tradicionais. Identificamos lacunas urgentes em pesquisas – especialmente em fauna não piscícola, tributários, áreas remotas e outros países amazônicos – e destacamos a necessidade de mitigação direcionada por meio da gestão de resíduos e educação”.
A pesquisa também alerta que a poluição plástica atravessa fronteiras, sendo transportada por rios amazônicos até os oceanos. Isso transforma o problema em uma crise ambiental de escala global, exigindo ações coordenadas entre países, governos locais e comunidades.
Os pesquisadores que atuam em Tefé, no interior do Amazonas, relatam que a situação piora com a falta de estrutura e políticas locais.
“Enquanto cidades como Rio de Janeiro e Salvador avançam com proibições de alguns derivados de petróleo, como canudos de plástico e embalagens de isopor, não conheço nenhum município no interior do Amazonas que ofereça reciclagem de plásticos ou medidas para reduzir seu impacto. Precisamos de políticas públicas que ofereçam soluções concretas para o crescente acúmulo de lixo plástico na Amazônia, mas que levem em conta desafios cruciais, como o isolamento de muitas comunidades”, conclui Orellana.
Fonte: CicloVivo

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