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O colapso no oceano que pode desencadear uma ´era do gelo´ na Europa

16/12/2025

Um colapso do sistema de correntes oceânicas que aquece o hemisfério norte pode levar a Europa a ser palco de uma "pequena era do gelo" antes do esperado. A conclusão é de um estudo coordenado por cinco institutos internacionais de pesquisa sobre o clima que foi publicado na revista Environmental Research Letters.
Segundo a pesquisa, a Circulação Meridional de Revolvimento Meridional do Atlântico (Amoc), que também inclui a Corrente do Golfo, pode entrar em colapso completo após o ano de 2100 se as emissões de gases do efeito estufa continuarem altas.
A Amoc é um fenômeno crucial para manter o clima do noroeste da Europa mais ameno que, por exemplo, regiões do Canadá na mesma latitude. Um eventual colapso não só provocaria invernos bem mais extremos na Europa como reduziria a umidade que chega ao continente, provocando secas no verão, além de deslocamentos nas faixas de precipitação tropical.
O resultado esperado é de desertificação em algumas regiões e temperaturas abaixo de 30 graus negativos em outras.
Em seu último relatório publicado há quatro anos, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ainda estava "moderadamente confiante" de que o sistema não entraria em esgotamento neste século. Este também foi o achado do serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, em análise publicada no início de 2025.
Contudo, a nova pesquisa liderada pelo Serviço Meteorológico Real dos Países Baixos, indica que a circulação do Atlântico Norte, capaz de regular o clima em todo o planeta, vai desacelerar drasticamente até o fim do século e atingir seu ponto crítico já nas próximas décadas, adiantando os efeitos esperados de seu colapso.
"Nas simulações [feitas pela pesquisa], o ponto de inflexão nos mares-chave do Atlântico Norte geralmente ocorre nas próximas décadas, o que é muito preocupante", afirma Stefan Rahmstorf, chefe do departamento de Análise do Sistema Terrestre do PIK e coautor do estudo.
"Após o ponto de inflexão, o desligamento da Amoc torna-se inevitável devido a um mecanismo de retroalimentação. O calor liberado pelo extremo Atlântico Norte então cai para menos de 20% do valor atual e, em alguns modelos, quase a zero", diz o Instituto de Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático, outro responsável pela pesquisa publicada no final de agosto.
Segundo Sybren Drijfhout, autor principal do estudo, em todos os cenários analisados de altas emissões, o esgotamento completo do sistema oceânico após 2100 é inevitável, já que ele pode ocorrer a partir de 50 anos do ponto de inflexão. "Isso mostra que o risco de colapso é mais sério do que muitas pessoas imaginam", diz.
A Amoc é um dos sistemas de corrente oceânicas mais importantes do planeta, pois transporta calor e regula o clima. Tomada como um motor climático, sua principal função é levar água quente dos trópicos para o Atlântico Norte pela superfície, devolvendo a água fria em grandes profundidades, como uma "esteira transportadora" de calor.
Com o aumento das temperaturas globais causadas por emissões de gases do efeito estufa, o oceano deixa de eliminar o calor transportado pelas correntes durante o inverno, porque a atmosfera já não é suficientemente fria.
"Isso começa a enfraquecer a mistura das águas oceânicas: a superfície do mar permanece mais quente e leve, tornando-se menos propensa a afundar e se misturar com águas mais profundas. Isso enfraquece a Amoc, resultando em menos água quente e salgada fluindo para o norte", diz o estudo.
Sem a troca de calor com a atmosfera, as consequências esperadas são uma desertificação na Europa e queda de temperaturas generalizadas no hemisfério norte. O principal impacto é sobre a Corrente do Golfo, conhecida como o "aquecedor da Europa".
Mesmo antes do colapso da Amoc, uma pequena redução das temperaturas distribuídas pela corrente já teria consequências dramáticas para a região, dizem os pesquisadores. Este também foi o achado de uma pesquisa publicada na revista Nature, em 2023.
Para chegar a esses resultados, a equipe de pesquisa analisou simulações com base em 38 diferentes modelos climáticos, incluindo o modelo de comparação usado pelo IPCC, com horizontes temporais estendidos até os anos de 2300 a 2500.
Segundo o Instituto Potsdam, em todas simulações de altas emissões, os modelos evoluem para uma circulação mais fraca e rasa das correntes, com a mistura mais profunda das águas se desligando.
"Em todos os casos, essa mudança segue um colapso da convecção profunda nos mares do Atlântico Norte", diz o estudo. O mesmo resultado foi encontrado em simulações com base em emissões intermediárias e até baixas de gases – nesse caso, o risco de desligamento da bomba de calor do Atlântico é de 25%.
"Decisivo é que a convecção profunda em muitos modelos já entra em colapso na próxima década, este é o ponto de inflexão que empurra a Amoc setentrional para um declínio terminal do qual levará séculos para se recuperar, se é que isso ocorrerá", diz o texto.
Nas simulações, o ponto de inflexão pode ser atingido nos mares de Labrador, Irminger e Nórdico. Eles alcançam diretamente países como Canadá, Dinamarca (Groenlândia), Islândia, Noruega e Rússia.

A matéria na íntegra pode ser lida no g1

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